Estranhos Atratores

Banda Sentimento Carpete lança “Invisível”

Grupo resgatou Projeto engavetado em 2016

Por Fábio Müller

O meu processo criativo exige que eu registre as coisas que “pipocam” na minha cabeça, seja em matéria de música, escrita ou mesmo em potenciais idéias que possam ser interessantes de alguma maneira, sob pena de caírem no completo esquecimento.

Eu já vinha registrando e acumulando riffs no computador lá de casa, gravados toscamente no windows, sem microfone, só na viola. Depois descolei cabos e adaptadores pra plugar a guitarra no notebook, e então vi que ao usar os pedais de efeitos (distorção, reverb, etc.), os registros ficavam bem melhores do que antes. Depois baixei um software para gravar faixas separadas e poder mixar tudo o que fazia. A linha de baixo se gravava com a guitarra mesmo, usando o captador do braço e mixando com ênfase nas notas mais graves. A bateria saia de batuques na mesa, em caixas, garrafas, latas ou qualquer coisa que fizesse um barulhinho bom. Todo aprendizado foi lento, mas suficiente para dar vazão às melodias que brotam do subconsciente.

Em meados de 2016, eu tinha 4 músicas sólidas, compostas e prontas para levar aos ensaios da banda. INVISÍVEL já tinha capa e repertório pronto, inovador para o som do Sentimento Carpete. Com uma demo caseira gravada, procurávamos economizar tempo no estúdio: era mais fácil todos conhecerem o som previamente do que chegar na hora H e tirar tudo junto e misturado, naquela bagunça de sempre regada a álcool. Pudemos passar um ou dois sons dentre aqueles quatro, mas por razões indeterminadas, nós nunca chegamos a seguir adiante e trabalhar para gravá-los da maneira como mereciam. A vida então vinha dificultando cada vez mais os nossos encontros semanais para ensaio…

E eis que chegou a pandemia.

O isolamento foi a oportunidade para retomar o velho projeto engavetado. A biblioteca de riffs ajudou a adicionar outros quatro temas aos quatro originais, engrossando o caldo de INVISÍVEL. Foi desafiador compor, gravar, mixar e masterizar tudo por conta própria, dentro de casa, utilizando os recursos limitados à disposição*. Todo o processo ajudou a encarar a atual “Era dos Cú d’Águas”, tal como uma terapia voltada ao benefício da saúde mental no meio do horror diário a que estamos submetidos.

O resultado é este que publico agora: INVISÍVEL, um EP caseiro de oito músicas instrumentais com pouco mais de 15 minutos de duração total, influenciado pelo surf music, reggae e rock’n roll.

Deixo um agradecimento especial aos amigos que ouviram, comentaram e sempre apoiaram a banda: o poeta Mateus Novaes (frontman das famigeradas Krias de Kafka), Teka & Rafa Almeida (o casal charmoso em frente à banda psicodélica Giant Jellyfish), Luiz Eduardo Galvão (guitarrista fodão do Giallos, Otis Trio e Nômade Orquestra), o talentoso jornalista e escritor Marcelo Mendez, Daniel Miranda (veterano batera da banda irmã 88não!), e Hugo Irisarri (da clássica banda argentina Doble Fuerza, da qual somos fãs desde a adolescência).

Um beijo a todas e todos, força e fiquem em paz!

Em breve, também disponível no Spotify e afins.

  • INVISÍVEL foi gravado 100% em casa e usando só isso aqui:

Fender Stratocaster US
Fender Telecaster MEX
Vox Night Train
Boss Chromatic Tuner
Boss ’63 Fender Reverb
Boss Equalizer
Carl Martin Surf Trem
Violão Phoenix
Hering Harmonica
DrumBit by João Santos
Audacity v.2.3.3
Notebook AMD Ryzen 5 3500U, 2.10GHz, 8GB